Caminhando com a geração Y

Comportamento
29.jan.2020

A sua geração está envelhecendo e tendendo a sair de cena? Um sinal de que se está envelhecendo é quando os amigos passam a querer marcar encontros cada vez mais cedo. Sair para jantar? E a que horas abre o restaurante? A preocupação em dormir bem passa a ser onipresente. De noite, é preciso prestar atenção nas escolhas: café depois do jantar ninguém pede, e os que o fazem tem direito até a se gabar um pouco, do tipo, “ainda não tenho este tipo de problema”… O fato é que todo o grupo de pessoas com quem você convive vai mudando seus hábitos sociais e, a uma certa altura, a maioria gosta mesmo é de ficar em casa. Ah, território seguro, cada vez mais amamos estar em casa, fazendo seja lá o que for…

Hoje, contam-nos que somos pelo menos quatro gerações de adultos convivendo no planeta, cada qual com seus hábitos. A mais comentada é a geração Y, que compreende os nascidos entre 1980 e 1997 e representa cerca de 1/3 da população mundial. Esta geração sucede a geração X (nascidos entre 1965-1979), os “Baby Boomers”,  (entre 1946 – 1964) e a “geração silenciosa”, (1928 – 1945).

A geração Y, em geral, é mais criticada do que bem acolhida pelos mais velhos. Os jovens são acusados de serem individualistas, egocêntricos, cheios de si, superficiais, exibicionistas e por aí vai. Só que, com o envelhecimento e consequente diminuição da geração dos “boomers”, as empresas se voltam para os Y, que se tornarão, em breve, a maioria dos consumidores. O que eles preferem? Como pensam, o que esperam das suas vidas? Tudo interessa à sociedade de consumo, para que as demandas deste novo público sejam antecipadas e atendidas.

E aí vem as boas notícias, para diluir um pouco o clima de desconfiança e, porque não dizer, preconceito contra os em breve majoritários do planeta. Ao examinar um desses estudos, a gente se surpreende de ver tabulados, a partir de muitas pesquisas, dados que até então faziam parte apenas de nossa observação empírica. Se antes eram só impressões, passam a ser certezas.

Confirma-se, por exemplo, que os jovens da atualidade tem maior facilidade para aceitar as diferenças raciais, sendo mais abertos a amizades e a casamentos com pessoas de outras raças. Casam-se mais tarde e consideram viver juntos antes do casamento uma boa experiência. Isto a gente já tinha percebido, não é? Mas uma surpresa é que a maioria desse pessoal, nas expectativas de longo prazo, almeja ser bons pais muito mais do que inúmeras outras coisas (como ser famoso, ter mais tempo livre, etc.). Na prática, estão  se tornando pais mais tarde em relação às gerações anteriores e tendo menos filhos.

A geração Y inova no estilo de vida: eles vem mudando o tradicional conceito seguido pela geração anterior, que consistia basicamente em sair de casa após concluir sua educação para casar e ter filhos. Hoje, para a geração Y, as variáveis são inúmeras: podem, em vez de fazer a mesmíssima escolha de forma uniforme, continuar a estudar, morar com amigos, depois voltar a morar com os pais, viajar bastante, estudar no exterior, morar com um/a parceiro/a, casar ou não, ter ou não filhos, voltar a estudar a qualquer momento de sua trajetória profissional, mudar de emprego sempre que não se sentir satisfeito, fazer mudanças no rumo de sua carreira, casar-se novamente, estudar novamente…

Ao ser solicitada a falar de criatividade, esta geração dificilmente fala em arte e sim em ideias, em ser original e inovar. Eles preferem, digamos assim, a customização à padronização, e são muito empreendedores.

É preciso manter nossas mentes abertas e olhar com otimismo esta turma jovem que nos sucede. Muitas vezes, por competição ou preconceito, os mais velhos relutam em aceitar tantas mudanças em modelos tradicionais de viver e tendem a prejulgar e condenar os jovens “e suas ideias”. Sim, acatar novidades sempre foi difícil para o ser humano, mas a verdade é que hoje podemos ter muito a ganhar convivendo e trabalhando com esta geração.

Por ser um grupo que  acredita na ideia de que é  compartilhando, inclusive a experiência e o conhecimento, que se cresce, a troca que se dá é muito diferente da tradicional. Não há tanta voracidade competitiva, como nas experiências corporativas típicas, onde em cada curva do caminho a chance de existir algum pé estendido para derrubar o incauto é considerável…

E então, é ou não é um oásis para não se dar o devido valor?

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