Morar junto ou casar?

A Dois
15.maio.2018

Uma das coisas mais aborrecidas que surgem quando um casal decide viver junto é o tempo que a sociedade leva para legitimar uma relação. Como não tem mais “noivado”, as pessoas decidem morar juntas e um dia o casamento acontece. Ou não. Mas até lá, o caminho pode ser de algum embaraço, especialmente para as mulheres. Para um homem se ver na situação que vou descrever, só se for considerado “menos” que sua parceira pelo grupo social dela. Para uma mulher, entretanto, a folha corrida social costuma não ajudar.

É claro que toda regra tem suas exceções, mas se você está vivendo algo assim, prepare-se: nesse meio tempo que ninguém sabe quanto dura, você poderá passar um período convivendo com a família dele e alguns amigos (incluindo aí amigas e outras candidatas ao posto que você passou a ocupar) que não perderão uma chance de tratá-la como se você fosse apenas “mais uma”, “a da vez”… E não é preciso que seu eleito seja um campeão das conquistas e tenha apresentado diversas mulheres ao seu grupo social. Não, é só o que é, tem mesmo gente torcendo contra. Como aponta muito bem a antropóloga Miriam Goldemberg em seus livros, no Brasil, o “capital marital” de uma mulher vale muito e pode despertar ciúme e competição.

Mas não são só as ciumentas que poderão trazer desconforto a você, “a sortuda”. Aqui podem entrar situações inevitáveis, como você ter de dar um telefonema para aquela irmã dele que você acha metida, sabe?  Então, ele pede para você telefonar pra ela por um motivo qualquer e não dá pra dizer não. Você já sabe que, quando disser seu nome, ela vai dizer: “quem?” Bom, você tem duas opções: já ligar dizendo pomposamente seu nome e sobrenome (fica um pouco ridículo, se vocês já estão juntos há alguns anos, por exemplo) ou apela para o “é Fulana, do Beltrano”. Dureza, não é?

E olha que, antes que você pense que é coisa de gente imatura, isso não tem a ver com a idade dos protagonistas. Só prova que idade cronológica não anda junto com maturidade emocional. Ou boa educação, de verdade. Não tem saída. O tempo que uma relação informal leva para ser vista como legítima pela sociedade, de preferência, não deveria existir. Para isso, seria preciso que as pessoas não tivessem tantos “pré-conceitos,” ideias pré concebidas a respeito de tantas coisas, o que, infelizmente não é possível. E também, é preciso lembrar, que o homem em questão fosse empático e atento o suficiente para afirmar e repetir a seus parentes, sempre que preciso: esta é minha mulher, ficou claro, pessoal?  Que, lógico, é impossível também.

Mais fácil deve ser casar logo, não é não?   

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