Velhice, a doença

Comportamento
03.out.2021
Talvez você tenha levado o mesmo susto que eu ao ler a notícia. Eu nem acreditei e fui checar em outras fontes. Mas era verdade. Tornar-se “velho”, ou completar 60 anos transformará nós todos, imediatamente, em doentes. Pelo menos no entender da Organização Mundial da Saúde (OMS) que incluirá, na próxima edição do Guia Internacional de Classificação das Doenças, o CID11, em vigor a partir de 01/01/2022, velhice como sendo uma doença, com código “MG2A”.
Você não leu errado, a noticia é verdadeira. Mas, a vida não é feita de ciclos? Como pode um ciclo natural da vida de todos ser rotulado de doente? Se a velhice é doença, todos os adultos com 60 ou mais passam automaticamente a serem doentes, não importa quão saudáveis sejam.
Muito esquisito e difícil mesmo de entender, uma contradição com nosso próprio tempo. Falamos aqui sobre “Etarismo”, o preconceito com o envelhecimento, e também dos “Perennials”, a geração sem idade. Em ambos os casos estamos falando de movimentos atuais, que refletem a evolução da discussão sobre envelhecimento.
A decisão da OMS é no mínimo andar umas 10 casas pra trás. Em um mundo onde a produtividade ilimitada é a única constante, quem supostamente está em outro ritmo está oficialmente fora agora.
Então, vamos recapitular: envelhecer é um dos ciclos naturais da existência. Estar vivo implica em envelhecer e estar velho implica em estar vivo. Classificar essa fase como uma doença é limitar todas as possibilidades que temos descoberto.
Existem diferentes jeitos de envelhecer, e entendermos que a velhice não é uma só e não é a mesma para todos é definidor para termos uma sociedade mais acolhedora e consciente de que não existe um padrão para nenhuma fase da vida. Ou não?

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